Com crédito escasso, intenção de compra de imóveis cai ao menor nível desde 2019
Índice
- Introdução e principais destaques
- O que dizem os dados (intenção, juros, preços e aluguel)
- Por que o crédito está mais escasso (SBPE, poupança e custo do dinheiro)
- Impactos por perfil: compradores, investidores e incorporadoras
- Preços de venda e aluguel: sinais para 2025
- Estratégias práticas em cenário de crédito restrito
- Tabelas de referência
- Perguntas frequentes
- Fontes resumidas
Introdução e principais destaques
A Pesquisa Raio-X do mercado imobiliário aponta que a intenção de compra de imóveis no Brasil atingiu o menor nível desde 2019. Em paralelo, o ciclo de juros elevados mantém o crédito mais caro, enquanto o funding da poupança (base do SBPE) oscila com saídas líquidas no 1º semestre. Ainda assim, os preços de venda acumulam alta no ano e os aluguéis seguem acima da inflação no semestre — um quadro de forças opostas que exige escolhas mais cirúrgicas de produto, localização e financiamento.
- Intenção de compra: 33% dos entrevistados planejam comprar em 3 meses (2T25), ante 35% no 1T25.
- Juros (Selic): mantida em 15,00% a.a. na reunião de 30/07/2025.
- Poupança/SBPE: saída líquida ~R$ 49,6 bi no 1º semestre de 2025, pressionando o funding da habitação.
- Preços de venda: +3,33% no 1º semestre/2025.
- Aluguel residencial: +5,66% no 1º semestre/2025, acima do IPCA (+2,99% no período).
O que dizem os dados (intenção, juros, preços e aluguel)
A edição mais recente do Raio-X destaca que a intenção de compra caiu para 33% no 2º trimestre de 2025 (menor patamar desde 2019), depois de 35% no trimestre anterior. O recuo acontece em um momento de custo de crédito elevado e maior seletividade bancária na concessão.
Do lado macro, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Selic em 15,00% a.a. em 30/07/2025, indicando que os juros devem seguir altos por algum tempo. Isso encarece a parcela, reduz a elegibilidade e contamina a confiança do comprador — principalmente nas faixas de renda média e alta mais dependentes do SBPE.
Em preços, o Índice FipeZAP de Venda Residencial acumula alta de 3,33% no 1º semestre de 2025, enquanto o Índice de Locação Residencial sobe 5,66%, superando a inflação. Ou seja: mesmo com intenção de compra mais baixa, o aluguel segue forte, sustentando retornos de renda em várias capitais.
Por que o crédito está mais escasso (SBPE, poupança e custo do dinheiro)
Três vetores explicam a restrição atual:
- Funding da poupança (SBPE): a caderneta registrou saída líquida relevante no 1º semestre de 2025, pressionando o volume disponível para crédito.
- Juros elevados (Selic 15,00%): encarecem o custo de captação e exigem entradas maiores, reduzindo elegibilidade.
- Realocação de crédito: bancos priorizam linhas com menor risco e buscam diversificação em mercado de capitais.
Impactos por perfil: compradores, investidores e incorporadoras
Compradores finais (moradia)
O acesso é mais difícil com juros altos, exigindo maior entrada e renda comprovada. A negociação está em alta: 66% das transações tiveram desconto.
Investidores
Recuperaram participação (43% das compras em 12 meses). Buscam renda de aluguel em cidades com vacância baixa, apesar dos juros elevados.
Incorporadoras e construtoras
Precisam calibrar lançamentos, controlar VGV e adotar políticas comerciais táticas. Bancos mais seletivos exigem diversificação de funding.
Preços de venda e aluguel: sinais para 2025
Venda: alta acumulada de 3,33% no semestre. Capitais com oferta escassa sustentam preços.
Locação: avanço de 5,66% no semestre, acima do IPCA. Renda de aluguel segue atrativa para investidores.
Estratégias práticas em cenário de crédito restrito
Para compradores
- Simular em múltiplos bancos e comparar CET.
- Aumentar entrada para reduzir LTV.
- Negociar preço em estoques e unidades prontas.
- Considerar portabilidade quando os juros caírem.
Para investidores
- Priorizar yield líquido e vacância baixa.
- Buscar compras oportunísticas com desconto.
- Combinar renda estável com teses de valorização.
Para incorporadoras
- Curadoria de produto adaptada à demanda atual.
- Parcerias de crédito e esteiras digitais.
- Incentivos táticos com governança de margem.
Tabelas de referência
1) Termômetro da demanda e preços (1º semestre de 2025)
Indicador |
Nível/Resultado |
Jan–Jun/2025 |
Observação |
Intenção de compra |
33% (2T25) |
— |
Menor desde 2019 |
Selic |
15,00% a.a. |
— |
Mantida |
Preço de venda |
+3,33% |
Acumulado |
Acima do IPCA |
Aluguel |
+5,66% |
Acumulado |
Acima do IPCA |
Perguntas frequentes
A queda da intenção significa queda de preços? Não necessariamente. Intenção mede apetite; preços dependem de oferta, renda e crédito.
É melhor esperar os juros caírem? Depende do objetivo. Para moradia, vale negociar preço e considerar portabilidade futura. Para investimento, priorize yield.
Onde estão as melhores oportunidades? Unidades bem localizadas, com vaga e liquidez, especialmente em mercados com aluguel aquecido.
Fontes resumidas
- Exame — “Com crédito escasso, intenção de compra de imóveis cai a menor nível desde 2019” (19/08/2025).
- Banco Central — Comunicado/ata do Copom (Selic mantida em 15,00% a.a.).
- DataZap/Fipe — Índices FipeZAP de venda e locação residencial (jun/2025).
- ABECIP — Balanço do financiamento imobiliário 1º semestre/2025.
Aviso: Este conteúdo é informativo e não constitui recomendação de investimento.