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Mercado Imobiliário Brasileiro 2024–2026: duas realidades, tendências e cenários
Duas realidades, um setor resiliente — por que alto padrão segue aquecido enquanto o médio padrão sente os juros; o papel do MCMV (Minha Casa, Minha Vida) e o que esperar adiante.
1) Visão geral: onde estamos
O Brasil vive um mercado imobiliário com duas velocidades. Em 2024, os preços de venda subiram 7,73% (maior alta desde 2013), superando a inflação; o mercado de locação fechou 2024 com +13,5% e mantém altas em 2025, com rental yield médio nacional por volta de 5,93% a.a. em jun/2025. Ao mesmo tempo, o ambiente de crédito ficou mais difícil: a Selic está em 15% a.a. desde a decisão de 30/jul/2025, e as projeções das entidades do setor indicam um 2025 mais apertado para financiamento habitacional.
Venda (2024): +7,73% no índice nacional de preços.
Locação (2024): +13,5%; acumulado 2025 até jul: +6,13%.
Crédito: entidades estimam retração de ~10% no volume total em 2025, com SBPE possivelmente caindo ~17%.
Leitura rápida: preços e aluguéis continuam positivos; crédito está mais seletivo; MCMV mantém volumes robustos; alto padrão segue com forte tração.
2) Duas realidades: alto padrão x médio padrão
2.1 Alto padrão e luxo: tração com baixa dependência de crédito
O segmento de alto padrão/luxo cresceu de forma vigorosa e permanece mais “imune” aos juros por ter maior participação de compras à vista ou com menor alavancagem. Em São Paulo, as vendas de luxo e superluxo cresceram ~40% em 2023; no Rio de Janeiro, o VGV de luxo subiu ~70% em 2023, com preços por m² muito elevados em bairros premium. Em 2025, projetos de luxo e compactos continuam impulsionando lançamentos nas praças líderes.
Motivações do comprador: exclusividade, segurança, lazer completo, tecnologia embarcada, localização e vistas.
Produto vence taxa: plantas flexíveis, áreas comuns diferenciadas, vagas e segurança são decisores.
Praças em evidência: SP (liderança de demanda), RJ (luxo e compactos), capitais do Nordeste (ex.: Salvador, Fortaleza) com forte valorização em 2024.
VGV de luxo e preço/m² em capitais selecionadas (indicativo; inserir gráfico do time de BI).
2.2 Médio padrão: o freio dos juros e do SBPE
O segmento de médio padrão é o mais sensível à Selic, pois depende do SBPE. Com juros altos e captação de poupança pressionada, as parcelas ficam mais pesadas, reduzindo a elegibilidade das famílias. A associação do setor projeta queda no crédito em 2025 (total ~−10%; SBPE ~−17%), o que tende a alongar ciclos de venda onde o produto não é absolutamente competitivo.
Trade-off do investidor pessoa física: CDI elevado concorre com aluguel de 6% a 7% a.a.; muitos investidores táticos migram para renda fixa no curto prazo.
Estratégias para incorporadoras: entrada parcelada, balões na entrega, shopping de crédito, garantias que elevem score, unidades mais compactas (1–2 dorms) para melhorar elegibilidade.
O MCMV é o “lastro” do ciclo atual. Entre 2023 e 2024, o programa contratou ~1,26 milhão de unidades (acima da meta progressiva). Em 2025, o governo introduziu uma nova faixa voltada à classe média (renda familiar de R$ 8 mil a R$ 12 mil), com juros subsidiados de ~10,5% a.a., teto de R$ 500 mil e até 420 parcelas, somando R$ 30 bilhões em funding dedicado (recursos do Fundo Social do Pré-Sal + poupança + LCI).
Liquidez: velocidade de vendas acima da média, estoques saudáveis.
Risco: mitigado por subsídio/FGTS e políticas de elegibilidade.
3) Preços de venda e aluguéis
3.1 Vendas (2024)
O índice nacional de preços de venda subiu 7,73% em 2024, superando IPCA (4,64%) e IGP-M (6,54%). Entre as capitais, os maiores destaques foram Curitiba (+18,00%), Salvador (+16,38%) e Belo Horizonte (+12,53%). Vitória e Florianópolis seguem no topo do preço médio por m² entre as capitais.
3.2 Locação
2024: +13,5% (12 meses).
2025 (até julho): +6,13% acumulado no ano; +10,28% em 12 meses.
Variações anuais de venda e locação, comparadas com inflação (inserir gráficos a partir das planilhas do índice).
4) Oferta, lançamentos e estoque
O primário segue aquecido: as vendas de novos imóveis cresceram 11,8% em 2024 e os lançamentos avançaram 61,7% no 1º tri/2025 sobre 1T/2024. O estoque total gira ao redor de 12 meses de VSO, com split saudável entre MCMV (~11 meses) e MAP (~14 meses).
Regiões em destaque (2024): o Nordeste aumentou tanto lançamentos como vendas (~20% a/a nas cidades monitoradas pela CBIC).
5) Crédito, Selic e mudanças regulatórias
5.1 Selic e custo de financiamento
A taxa básica segue em 15% a.a. (decisão do Copom em 30/jul/2025). Com juros altos por mais tempo, bancos ajustam taxas imobiliárias e a demanda financiada no médio padrão arrefece. A ABECIP projeta queda de ~10% no volume total de crédito habitacional em 2025 e redução de ~17% no SBPE.
5.2 O que pode mudar
Autoridades e setor discutem ajustes no funding (uso e regras da poupança/compulsório, LCI/LIG) e modelagens híbridas para ampliar a oferta de crédito, com atenção especial à classe média. Houve ainda a nova faixa do MCMV (classe média), já em vigor, com taxas subsidiadas e alongamento de prazo.
6) Demografia e formação de demanda
Não há “boom demográfico”, mas existem forças estruturais de demanda:
Mais domicílios: o Brasil chegou a ~90,7 milhões de domicílios em 2022 (+34% vs. 2010).
Famílias menores: queda do tamanho médio domiciliar (tendência de 3,31 para ~2,79 pessoas por domicílio entre 2010–2022).
Mais aluguel:20,9% da população morava em domicílios alugados em 2022 (1 em cada 5 pessoas), reforçando a demanda por locação e, por consequência, a busca pela compra como proteção de renda/ativo.
7) Cenários 2025–2026
7.1 Base (mais provável)
Selic elevada por mais tempo em 2025; alívio só quando expectativas permitirem.
Preços de venda positivos em dígito único; aluguéis desaceleram, mas seguem acima da inflação.
Avanço de medidas de funding/modelo híbrido + melhor ancoragem de expectativas → libera demanda reprimida no médio padrão a partir de 2026.
7.3 Baixa (adverso)
Juros altos por ainda mais tempo e/ou choques fiscais → crédito contrai além do previsto, com ciclos de venda mais longos no médio padrão; luxo e MCMV amortecem, mas com seleção mais dura de produto e localização.
Localização crítica: segurança, vistas, mobilidade; foco em Zonas premium de SP/RJ e capitais do NE com demanda comprovada.
Go-to-market: captação qualificada de HNW, lançamentos com experiências/clubes, estoques curtos.
8.2 Incorporadoras — médio padrão
Mitigar o custo ao cliente: entrada parcelada, balões, subsídios municipais/estaduais quando houver, múltiplos bancos (shopping de crédito).
Mix vencedor: 1–2 dormitórios bem planejados elevam elegibilidade sem sacrificar valor percebido.
Liquidez: priorizar bairros com serviços e transporte; VGV “fatiado” em fases para ajustar ritmo de obra e vendas.
8.3 Investidores
Renda x CDI: no curto prazo, renda fixa é concorrente forte; tese imobiliária funciona em compra com desconto (obra/permutas/distressed) e yield alvo ≥ IPCA + 4–5 p.p.
Gestão ativa: tipologias menores tendem a maior yield; vacância e prazo de reposição importam mais que m² absoluto.
8.4 MCMV — Minha Casa, Minha Vida
Velocidade de vendas acima da média; funding resiliente (FGTS) e novas faixas ampliam o público.
Execução: controle de custos (INCC), padronização e localização servida são diferenciais para manter margens.
9) Perguntas frequentes (FAQ)
O que explica preços firmes com juros altos?
Mix setorial (luxo e MCMV sustentando volumes), escassez de bons terrenos nas capitais e renda do aluguel em alta ajudam a manter preços positivos apesar do crédito caro.
Comprar para alugar ainda faz sentido?
Sim, se a aquisição for em preço de oportunidade e o yield líquido projetado superar alternativas de baixo risco no seu horizonte (meta prática: ≥ IPCA + 4–5 p.p.).
Quando o médio padrão pode destravar?
Com melhora de expectativas e/ou mudanças no funding e modelagem de contratos — e queda de juros — a demanda reprimida tende a voltar em 2026.